1º Congresso Missionário Nacional

de 1CMN – Belo Horizonte, MG, 17 a 20 de julho de 2003

TEMA: Enviados aos Confins do Mundo para Anunciar o Evangelho da Paz, a partir da Pobreza, da Alteridade e do Martírio no Meio de Nós.

LEMA: Igreja no Brasil, Tua Vida É Missão.

OBJETIVO GERAL: Aprofundar a reflexão em vista da contribuição da Igreja no Brasil para a realização do CAM 2—Comla 7.

OBJETIVOS ESPECÍFICOS

  • fomentar a reflexão em torno do Projeto Missionário da Igreja no Brasil e sua Dimensão “ad Gentes”;
  • acolher práticas missionárias significativas;
  • partilhar o testemunho do nosso engajamento missionário;
  • fortalecer os Conselhos Missionários em âmbito diocesano e regional;
  • articular melhor os organismos e as forças missionárias no país;
  • celebrar a caminhada da dimensão missionária de nossa Igreja.

EM VISTA DO CAM 2 – COMLA 7

Uma das metas do Congresso era preparar a contribuição da Igreja do Brasil para o 2º Congresso Missionário Americano (CAM 2), que será realizado na Cidade da Guatemala, no mês de novembro deste ano de 2003. Além disso, o Congresso Missionário Nacional propunha-se a traçar os contornos do Projeto Missionário Brasileiro. Seria um ponto de partida, para que as dioceses e paróquias pelo Brasil afora promovessem eventos semelhantes, para animar “missionariamente” suas comunidades, suas famílias e seus jovens.

OS COMLAS – CAMS

Os Congressos Missionários Latino-Americanos (Comlas) tiveram início há 26 anos (1977), a partir de um convite do Papa Paulo VI, precisamente com a finalidade de despertar e motivar as Igrejas latino-americanas para a dimensão universal da Missão. No Brasil, em 1995, celebrou-se o inesquecível Comla 5, em Belo Horizonte, com a participação de 3 mil pessoas, com a reflexão em torno do tema do Evangelho nas Culturas. O objetivo geral do evento concentrava toda a riqueza de conteúdos e de vivências partilhadas naqueles dias: “Aprofundar a responsabilidade missionária universal das Igrejas particulares, mediante o intercâmbio de experiências e testemunhos do Evangelho nas diferentes culturas, à luz da evangélica opção preferencial pelos pobres, para fortalecer o caminho de vida e esperança em todos os povos”.

O CAM 2 – COMLA 7

Neste ano de 2003 será realizado o 2º Congresso Missionário Americano (CAM 2), que é também o 7o Congresso Missionário Latino-Americano (Comla 7), na Cidade da Guatemala, de 25 a 30 de novembro. Por ocasião do Comla 6, na cidade de Paraná (Argentina), em novembro de 1999, foram envolvidas também as Igrejas norte-americanas, naquele que se tornou o 1º Congresso Missionário Americano (CAM 1). Por iniciativa do Cardeal Jozef Tomko, então Prefeito da Congregação para Evangelização dos Povos (Vaticano), o Comla tornou-se CAM, um Congresso Missionário para todo o Continente Americano. Embora houvesse quem preferisse manter a identidade latino-americana, neste ano teremos efetivamente um Congresso Missionário das Américas: o CAM 2 – Comla 7.

“Será um Congresso a partir da pequenez, da pobreza e do martírio”, disse Dom Júlio Cabrera Ovalle, então Presidente da Conferência Episcopal da Guatemala, atual Bispo de Jalapa, em nome da Igreja em seu país, no momento de anunciar a realização do CAM 2 – Comla 7 na América Central, e mais exatamente na Cidade de Guatemala da Assunção, capital do país homônimo. A partir deste apelo, todas as Igrejas locais latino-americanas foram chamadas a uma reflexão criativa sobre a própria missionariedade.

Objetivo Geral do CAM 2 – Comla 7, na Guatemala: Animar a vida das Igrejas particulares do Continente, para que, a partir da sua experiência evangelizadora, assumam, responsável e solidariamente, o compromisso da Missão ad gentes.

PROGRAMAÇÃO DO 1º CONGRESSO MISSIONARIO NACIONAL

A programação do Congresso pretendeu refazer simbolicamente o caminho espiritual dos Discípulos de Emaús (Lc 24,13-35).

Em primeiro lugar, foram acolhidos os participantes, que estiveram a caminho, e que chegaram a Belo Horizonte vindos dos diversos cantos do Brasil e do mundo. O caminho é o estado de espírito de quem nunca sente sua missão totalmente cumprida, sempre busca algo que está à frente, além-fronteiras, no seguimento de Jesus, e na aproximação permanente ao desconhecido, ao outro e ao pobre.
Mas Congresso Missionário Nacional não pretendeu ser um ponto de chegada para a Igreja missionária, mas uma etapa e uma parada na caminhada dos discípulos e discípulas de Jesus, que descobrem cada dia a presença de Deus no Caminho. Jesus revela-se caminhando (cf. Lc 24,15), porque Ele é o Caminho (Jo 14,6).

O segundo dia do Congresso foi dedicado ao encontro e à reflexão. Assim como Jesus se aproxima dos dois discípulos no caminho de Emaús, e lentamente aquece seus corações, explicando, a partir das Escrituras, todos os fatos dos quais falavam, também nós, em Belo Horizonte, procuramos compreender a nossa caminhada missionária, a partir da luz transformadora da Palavra de Deus, com a ajuda de Dom Franco Masserdotti e Dom Erwin Kräutler, bispos missionários, repectivamente de Balsas, MA, e de Xingu, PA, e do Pe. Paulo Suess, teólogo da Missão e Presidente da Associação Internacional de Estudos da Missão (Iams).

O terceiro dia foi o dia da partilha. Em torno de uma mesa e de um pedaço de pão repartido, os olhos dos discípulos abrem-se definitivamente diante do Ressuscitado (cf. Lc 24,31). O testemunho das vivências e dos projetos missionários manifesta o rosto do Deus que encontramos no caminho e que contemplamos na Eucaristia, mistério de comunhão, vida partida e doada para a transformação do mundo.
Intensos momentos de expressão e de intercâmbio de nossas práticas missionárias aconteceram durante o Congresso, desde os “Mutirões” de Reflexão sobre os temas propostos no Instrumento de Trabalho do CAM 2—Comla 7, até os Painéis de Experiências Missionárias significativas no Brasil e além-fronteiras. Houve momentos de oração conduzidos por irmãos de outras Igrejas e de outras tradições religiosas. Realizaram-se Celebrações Eucarísticas nos grupos e nas comunidades da Arquidiocese de Belo Horizonte que acolheram e alojaram os participantes.

Finalmente, o último dia foi dedicado ao envio missionário. O encontro com Jesus Ressuscitado no caminho revigora o ardor missionário dos discípulos, que partem imediatamente para anunciar a Boa-Nova que seus olhos viram, que seus ouvidos ouviram e que suas mãos apalparam.

O objetivo do 1 Congresso Missionário Nacional era aprofundar a reflexão em vista da contribuição da Igreja no Brasil para o CAM 2—Comla 7, mas também, e principalmente, viver uma experiência de fé e de Igreja, “a partir da pobreza, da alteridade e do martírio no meio de nós, para anunciar o Evangelho da Paz até os confins do mundo”.

EIXOS TEMÁTICOS

Os missionários e as missionárias não estão fora do mundo, mas vivem apaixonadamente dentro de suas entranhas, sentem-se interpelados pelos clamores de todos os povos e pela conjuntura mundial atual. Principalmente, o anseio pela paz e o grito contra todo tipo de guerra chegam mais uma vez a convocar a Igreja missionária a assumir compromissos firmes com a justiça e a solidariedade além de toda fronteira, anunciando a vinda de um novo céu e de uma nova terra para todas as pessoas. Um mundo onde ninguém é excluído.

1. A Missão

O primeiro eixo temático que esteve em discussão no Congresso Missionário de Belo Horizonte foi em torno dos Fundamentos da Missão à qual somos chamados.
Em primeiro lugar, o encontro com Jesus Cristo vivo é o motivo principal do nosso caminhar na conversão, na comunhão e na solidariedade com todos os povos. Só este encontro possibilita amar com o mesmo amor de Deus. É uma graça que torna possível aos cristãos e cristãs serem agentes da transformação do mundo.

O encontro com Jesus gera uma dimensão espiritual missionária no Povo de Deus, de forma que cada um de seus membros se sente irmão e irmã universal, pronto a colocar-se a caminho, para tornar-se próximo de todos, dispondo-se a doar com alegria a própria vida para um mundo melhor. Este é o caminho que conduz à santidade, a partir de nossa pobreza, reconhecendo a alteridade, mediante o testemunho do dom da nossa vida (martírio).

Contudo, nós não agimos sozinhos, mas sempre em comunidade. Um cristão desligado de sua comunidade não é cristão. Assim como uma comunidade desligada das outras não é uma comunidade cristã. Toda comunidade cristã é chamada a ser “sal da terra e luz do mundo”, partir de sua realidade, até os últimos confins da terra, em comunhão com a Igreja universal. A Igreja local não pode olhar apenas para o seu contexto, mas é chamada a abrir seus horizontes para além de suas fronteiras, rompendo barreiras, estendendo o seu amor ao mundo inteiro, solidária com as comunidades mais necessitadas, tornando-se assim verdadeiramente católica.

2. Os Sujeitos da Missão

O segundo eixo temático do Congresso Missionário Nacional teve como objeto de reflexão os Sujeitos da Missão. Todos, pelo Batismo, somos chamados a ser enviados pelo mundo afora. Sobretudo as famílias, os jovens e as crianças. A Missão além-fronteiras não é para “especialistas”, mas convoca todos os cristãos a profundas opções, atitudes e mudança de vida, de diferentes maneiras e em diversos graus. Também as estruturas eclesiais, como a paróquia, são chamadas a encontrar na Missão além-fronteiras sua direção mais importante, para renovar permanentemente a vida e a formação da comunidade cristã.

Enfim, as instâncias especificamente missionárias precisam cuidar da animação missionária das Igrejas, pela informação sobre a Missão no mundo, pela formação da consciência missionária no Povo de Deus, pela animação mediante eventos de celebração e pela cooperação espiritual, material e vocacional com a Missão universal.

3. Os Desafios da Missão Hoje

O terceiro eixo temático tratou dos Desafios da Missão Hoje. A comunidade mundial está mudando profundamente. É preciso tomar consciência de que as transformações sociais e tecnológicas exigem assumir novos caminhos no anúncio do Evangelho, para fazer presente o Reino de Deus, sobretudo pelos meios de comunicação.

Tudo isso, porque o fenômeno da globalização traz consigo conseqüências nefastas para os pobres e os diferentes povos. A Missão cristã é chamada a testemunhar uma universalidade evangélica, na qual ninguém seja excluído do banquete da vida, alimentando o sonho de que “um outro mundo é possível”.

Neste esforço, é de primordial importância reconhecer que as religiões falam às consciências das pessoas e podem legitimar propostas éticas de paz, de justiça e de fraternidade entre todos os povos. Incentivar um caminho de diálogo entre as diferentes tradições religiosas, superando e evitando todo fundamentalismo, proselitismo e fanatismo religioso, torna-se extremamente necessário para a promoção da Paz.

MUTIRÕES DE REFLEXÃO

Foram objeto de especial aprofundamento, em nove “Mutirões” de Reflexão, os eixos temáticos do CAM 2—Comla 7, a saber:

1. O Encontro com Jesus Cristo Vivo: Conversão, Comunhão, Solidariedade.
2. A Espiritualidade do Povo de Deus, a partir, na e para a Missão.
3. Famílias, Jovens e Crianças: Protagonistas da Missão.
4. A Missão, Vida da Comunidade Paroquial.
5. A Igreja Particular, Responsável pela Missão Universal.
6. As Instâncias de Animação e Formação Missionária na Igreja Particular.
7. Os Novos Caminhos no Anúncio do Evangelho da Vida.
8. A Missão diante dos Desafios da Globalização, da Violência, das Culturas e das Migrações Humanas.
9. A Missão diante dos Desafios dos Grupos Fundamentalistas e dos Novos Movimentos Religiosos.

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