Habitar as fronteiras – Simpósio Internacional de Missiologia on-line

de Relami – 03/07/2023

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A missiologia, pelo seu próprio estatuto, se propõe como teologia de fronteira, até acabar, muitas vezes, como “fronteira da teologia”, não raramente relegada à margem de programas acadêmicos. Toda teologia é convocada hoje a reencontrar sua essência missionária na conexão do Evangelho com a vida das pessoas e com os processos socioculturais atuais em difícil transição. Há, todavia, práxis de pesquisas teológica, contextual e pastoral intrinsecamente fronteiriças que se se situam em âmbitos significativamente desafiadores, em diálogo profético com uma alteridade “outra”, na maioria das vezes marginal, empobrecida, excluída, evangelicamente relevante.

Essas fronteiras constituem ao mesmo tempo uma realidade histórica e uma opção ética que implica, por sua vez, uma “ótica”, um “desprendimento” fundamental em termos de perceber e questionar a realidade do mundo do ponto de vista das vítimas sistémicas e dos sobreviventes. Para isso não é suficiente transitar por essas fronteiras: é preciso habitá-las tecer vínculos de pertença, sentipensar a partir do chão fronteiriço, corazonar com a realidade, deixar que as fronteiras habitem em nós, e aderir a um projeto de mundo global mais justo e solidário, onde possam caber muitos mundos.

Certamente, a fronteira não é um lugar cômodo para se viver, mas pode ser habitado por uma esperança subversiva, contra-hegemônica, sem fronteiras, que derruba muros e constrói pontes, conectada com as causas decoloniais globais, com o cuidado com a Mãe Terra, com a solidariedade com outros povos, com a integração com as diversas dimensões da vida.

Como a missiologia pode resgatar um papel significativo na pesquisa teológica, a partir da práxis histórica e pastoral de muito agentes que habitam muitas fronteiras? Quais desafios as mudanças socioculturais e eclesiológicas impõem a essa práxis de fronteira? De que maneira uma reflexão sobre o “habitar as fronteiras” hoje, como realidade, mas também como opção e método, pode ajudar a Igreja missionária a encontrar caminhos de protagonismo profético?

Nossa tradição eclesial latino-americana nos oferece elementos que nos convocam a encarar as fronteiras em termos de inserção, opção pelos pobres, libertação, inculturação, eclesiogênese, comunhão e participação e serviço ao Reino da Vida: como vamos resgatar essa herança diante dos desafios atuais? Como pensar fronteiras e unidade numa sociedade pluricultural? Como pensar fronteiras que não separam, mas tampouco compreendem a unidade como uma mestiçagem generalizada?

Tema: HABITAR AS FRONTEIRAS COM CORAÇÃO SEM FRONTEIRAS

Objetivo geral:

Refletir sobre a relação entre fronteiras, teologia e a ação missionária da Igreja, em vista de um aporte específico da missiologia como teologia de fronteira e fronteira da teologia.

Objetivos específicos

  • Fazer um balanço da caminhada missionária na América Latina em relação às perspectivas lançadas por Aparecida, pelo Sínodo da Amazônia e pelo magistério de Francisco.
  • Debater sobre os caminhos da missão no mundo de hoje para amanhã, em vista de uma pauta para a ação e a animação missionária.
  • Rearticular e organizar um programa de atividades e projetos da Rede Latino-Americana de Missiológos e Missiólogas.
  • Lançar perspectivas e sugestões para uma ação missionária descolonizada, aberta às culturas e aos contextos sociais, advogada da justiça e defensora dos pobres, servidora do Reino e hóspede na casa dos outros.

Programação

  • Segunda-feira, 18 de setembro: Introdução: as relevâncias das fronteiras para a reflexão missiológica hoje (Estêvão Raschietti)
  • Terça-feira, 19 de setembro: Jesus, Paulo, a comunidade apostólica e as fronteiras: uma reflexão bíblica ecumênica (Tea Frigerio)
  • Quarta-feira, 20 de setembro: A formação histórica das fronteiras coloniais e suas implicações para a missão evangelizadora (José Oscar Beozzo)
  • Quinta-feira, 21 de setembro: Habitar as fronteiras com coração sem fronteiras: caminhos para uma teologia da missão pós-colonial (Paulo Suess)
  • Sexta-feira, 22 de setembro: Reelaborando as teologias índias além das fronteiras impostas (Eleazar López Hernández)

O simpósio será realizado on-line pela plataforma zoom.

Data: de 18 a 22 de setembro de 2023

Horários:

  • para o México das 11h00 às 14h00;
  • para o Brasil das 14h00 às 17h00;
  • para a Europa das 19h00 às 22h00.

Metodologia: o tempo será de três horas diária no máximo. Será distribuído em duas sessões: na primeira sessão, terá a colocação do/a convidado/a (40 minutos) e um debate sucessivo; na segunda sessão, teremos a apresentação de artigos, trabalhos, testemunhos dos/das participantes (10 minutos cada um). Convidamos todos a enviar-nos artigos sobre temáticas atinentes ao tema das fronteiras, até 30 de agosto. Alguns desses artigos serão apresentados pelos autores durante o simpósio; outros serão incluídos numa publicação on-line junto com as colocações dos convidados.

Participantes: são convidados a participar docentes de missiologia, mestres, doutores, especialistas, pós-graduandos, membros e representantes de instituições, comunidades e organismos missionários. A participação é gratuita e será confirmada pela equipe de coordenação.

Certificado de Participação: aos participantes será enviado um certificado de participação em PDF, equivalente a 16 ha.

Inscrições: poderão ser efetuada por esse link click aqui.