Documento de Santarém 50 anos: gratidão e profecia
de Igreja na Amazônia – 09/06/2022
1. O caminho eclesial de Santarém, 1972, proporcionou frutos de fecundidade profética na evangelização junto aos povos desta imensa Amazônia. Somos profundamente gratos aos “operários da primeira hora”, os bispos das Igrejas particulares amazônidas, e junto a eles, mulheres e homens que foram tornando possível o caminho então traçado. Até hoje nos fascina a extraordinária lucidez e audácia profética recolhidas no expressivo Documento de Santarém, que nos últimos 50 anos vem inspirando a Igreja no seu modo de ser e de agir: uma Igreja com rostos amazônicos. Deles herdamos uma mística de quem “não arreda o pé” e não deixa seus filhos padecerem abandonados na cruz.
2. As inúmeras formas de recepção da riqueza deste Encontro, além da acolhida das Igrejas locais, foram atualizadas em sucessivos processos sinodais nos quais o Documento de Santarém foi revisitado, como em Manaus (1997) e Santarém (2012). As intuições traçadas há 50 anos vêm sendo confirmadas no atual pontificado, seja na consciência socioambiental a partir da perspectiva da Ecologia Integral (Laudato Si), na eclesialidade de uma Igreja em saída que se encarna no chão amazônico (Evangelii Gaudium), na busca de uma sociedade mais fraterna (Fratelli Tutti) e num compromisso evangelizador que abrange a totalidade da vida (Querida Amazônia).
3. Neste documento jubilar, os participantes do Encontro de Santarém em 2022 ratificaram as diretrizes e prioridades assumidas há 50 anos, atualizando-as à luz do recente Sínodo para a Amazônia. Assim como Santarém 1972 constituiu uma criativa recepção do Concílio Vaticano II e da Conferência de Medellín, o atual encontro dá prosseguimento ao caminho do Sínodo para a Amazônia assumindo suas inspirações a partir da Exortação Pós-Sinodal Querida Amazônia e avançando ousadamente nas indicações programáticas de seu Documento Final (DF). Neste sentido, ao percorrer o caminho de Santarém chegando ao Sínodo para a Amazônia, há um profundo senso de gratidão ao Papa Francisco, que, pela escuta ao apelo da Igreja na Amazônia para que se desse mais eco aos seus esforços e suas lutas, surpreendeu-nos com a convocação do Sínodo do qual foi empenhado participante e por nos ter presenteado a Exortação Querida Amazônia.